Ex-Combatente da Segunda Guerra Mundial é o primeiro vacinado contra a Covid-19 em Nilópolis

O tenente da Marinha do Brasil defendeu uma frota de navios mercantes de um submarino alemão perto do Estreito de Gibraltar durante a Segunda Guerra Mundial. Setenta e cinco anos depois, ele lutou novamente, mas desta vez com o novo coronavírus.

“Eu nem consigo falar de tão emocionado e alegre que fiquei por ter sido escolhido. A injeção nem doeu, enfrentar batalhas é bem pior”, afirmou o viúvo de dona Edith Santos e pai de quatro filhos. Morador do bairro Paiol, ele saiu de casa usando um terno ornado com suas inúmeras medalhas.

O prefeito Abraãozinho disse que o seu Amaro tinha sido escolhido porque é um idoso ilustre da cidade.

João Amaro foi vacinado pela superintendente de enfermagem do Posto Central, Andréa da Silva Paulo Rodrigues, e estava acompanhado da filha Edileusa, com quem mora no bairro do Paiol.

“Meu pai é muito conhecido no bairro. Quando ninguém tinha carro, ele transportava as vizinhas grávidas e fez vários partos”, contou a filha Edileusa.

Por causa de seus feitos, como agradecimento, as mães deram os filhos para seu João batizar. Ele e a esposa, com quem foi casado por 63 anos, têm dezenas de afilhados. Generoso, o tenente também criou quatro sobrinhos.

A segunda pessoa imunizada em Nilópolis foi a enfermeira Adalgisa Gomes, 57 anos, atendida pela técnica de enfermagem Rosana Valença. A técnica aprendeu a profissão com a colega há 30 anos. Adalgisa está esperançosa. “Espero que as pessoas fiquem realmente imunes, que tenham consciência que o processo não é imediato e continuem de máscara para tudo dar certo”, afirmou a responsável pelo atendimento aos idosos em residências terapêuticas na cidade.

Luta contra os alemãs

João Amaro é alagoano de Maceió, veio para o Rio de Janeiro aos 16 anos e se alistou na Marinha do Brasil. “Durante a Segunda Guerra, nós levamos armamentos e soldados até o Estreito de Gibraltar, e foi ali perto que bombardeamos um submarino”, contou ele.

João Amaro lembrou que, após o feito, assim que o navio atracou na Bahia, o comandante levou toda a tripulação para assistir a uma missa em ação de graças por todos terem sobrevivido. “O comandante foi pessoalmente na paróquia e acordou o padre”, recordou o idoso, cujos olhos brilham ao lembrar também os 48 portos que conheceu durante a carreira na Marinha.

“Eu me banhei no Rio Jordão e visitei Jerusalém”, rememorou o Cidadão Honorário Nilopolitano, homenageado com o título em 1982, também reverenciado pela Câmara de Vereadores de São João de Meriti. Como prêmio por seus inúmeros serviços na Marinha, ele foi agraciado como a chamada ‘viagem de ouro’ e comprou a casa onde ainda mora com a família no Paiol. E agora espera o fim do isolamento social para poder sair e rever os cinco bisnetos.

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