Escritora Conceição Evaristo encerra a FLIC BF
A emoção tomou conta da plateia que acompanhou o encontro no Parque do Gericinó
O Primeiro Festival Literário e Cultural da Baixada Fluminense (Flic -BF) encerrou neste domingo (24), no Parque do Gericinó Farid Abrão, em Nilópolis, em grande estilo. Uma das mais influentes escritoras do movimento pós-modernista no Brasil, a mineira Conceição Evaristo foi a grande homenageada do evento, que contou com a participação também de Itamar Vieira Jr. e Elisa Lucinda em outras rodas de conversa.
A FLIC-BF foi uma realização do Instituto Latinoamerica, com produção da ABÈBÈ Produções, parceria e fomento do Ministério da Cultura, e apoio da Prefeitura de Nilópolis, por meio das secretarias municipais de Cultura e de Meio Ambiente. A programação, além de homenagens a grandes escritores, contou com espetáculos teatrais, musicais e palestras. Eram esperadas 10 mil pessoas até o final do evento.
Linguista e escritora afro-brasileira, ela tem mais de 10 livros publicados, muitos ensaios e vários desses livros foram traduzidos para outras línguas. Ela participou da roda de conversa ‘A experiência negra como matriz da nossa ficção’ ao lado da pesquisadora e crítica literária Fernanda Felisberto, da escritora queimadense Selminha Ray, da escritora Nathalia Rodrigues e da deputada estadual Dani Monteiro.
O debate considerou o termo ‘Escrevivência’, cunhado por Conceição, que trata da escrita que nasce do cotidiano, das lembranças, da experiência de vida da própria autora e do seu povo. “Não nos reconhecemos em obras belíssimas da literatura brasileira. Os homens negros têm que ser potentes, enquanto as mulheres negras têm que saber cozinhar e gostar de transar, como a personagem Gabriela, do livro Gabriela Cravo e Canela”, salientou, sendo ovacionada pela plateia.
O baiano Itamar Vieira Jr foi o convidado da roda de conversa ‘Entre quilombos e livros: do Recôncavo Baiano para a Baixada Fluminense’, na sexta-feira (22), ao lado do escritor, professor da UFRJ e pesquisador do CNPq Flávio Gomes, e a doutora em geografia e pesquisadora Geny Guimarães. Eles discutiram as histórias e realidades das comunidades quilombolas, confrontando a narrativa colonial, a partir de suas especialidades em literatura, geografia e história.
Autor do romance Torto Arado, ganhador do Prémio LeYa de 2018, do Prêmio Jabuti de 2020 e do Prêmio Oceanos de 2020, Itamar Vieira Junior descreveu o poder da literatura e o diálogo entre escritor e leitor.“Eu escrevo, mas se não tiver leitor, aquela história só tem significado pra mim. É o leitor que projeta tudo aquilo, e ele projeta com seu corpo. Talvez por isso que as pessoas que leem, gostam muito da leitura, e aquela experiência da leitura é muito diferente de qualquer coisa que ela possa experimentar”, afirmou.
Crianças, jovens, adultos, e até mesmo os cães aproveitaram o clima festivo no Parque Natural do Gericinó no último fim de semana com várias atrações musicais. A banda de forró Pimenta do Reino e o grupo de samba Fundo de Quintal atraíram os nilopolitanos. Isabel Cristina Sena da Silva, de 42 anos, estava acompanhada dos seus três cães. “Eu vim aproveitar o evento literário. Eu acho muito importante ter aberto esse espaço para a comunidade de Nilópolis. Estou aqui com os meus filhotes aqui para apreciar o Parque do Gericinó, né? E o evento também. Tá tudo ótimo.”
Bira Presidente, compositor, cantor e percussionista do Fundo de Quintal, atração que sucedeu o debate e foi realizada no palco externo, elogiou o público presente. “No fundo do nosso coração, se nós cantamos, vocês nos encantam! Esse é o melhor público do Brasil. Vocês são demais!“