Afroamor e Afroamar na Educação Infantil de Nilópolis
Para nós todo dia é dia de falar e praticar o antirracismo, não apenas perto do Dia da Consciência Negra. Integro um coletivo de pedagogas responsável, por na Coordenação da Educação Infantil Nilopolitana, trazer aos pequenos a experiência do que chamamos de Afroamar-se: as crianças negras são valorizadas em sua cor, seu cabelo, suas raízes culturais e suas potências. E damos às crianças não negras a oportunidade de Afroamar aquilo que sempre foi negado, silenciado e invisibilizado.
Como mulheres, educadoras, envolvidas na promoção de uma Educação Antirracista, sabemos que essa história não é só dela, mas de todas as meninas pretas e meninos pretos de nossos cotidianos. Nessa história, registrada em um caderno escolar, nós nos reconhecemos. Sim, passamos por tudo isso, de algum jeito, em algum lugar, de algum modo.
Mesmo que possa causar estranhamento falar em práticas antirracistas desde a Educação Infantil, defendemos que é não apenas necessário, mas urgente, desde sempre. Crianças de creche e pré-escola experimentam, no dia a dia, a constituição dos seus olhares sobre si mesmas e sobre os outros. Embora muitos digam que “elas não sabem o que é isso”, o racismo as afeta desde o ventre.
Nossa atuação, nosso trabalho vem ao encontro das leis 10.639/2003 e 11.645/2008 que alteram a Lei 9.394/1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, para incluir no currículo oficial da rede de ensino a obrigatoriedade da temática “História e cultura afro-brasileira e indígena”.
Logo, o projeto Afroamar e Afroamar-se – uma atitude brincante com palavras que trazem profundo alcance – tem seu recorte nas relações raciais, no combate ao racismo e na implementação de uma Educação Antirracista, desde o berço. Neste contexto, o brincar de ler e de ouvir histórias devem ser intencionais envolvendo amorosidade e afetividade nas relações que cada criança estabelece consigo e com o outro, destacando-se: a autoestima, a igualdade na diversidade, a desmistificação do bom e do belo como padrões únicos.
O nosso foco é construir bases para uma educação antirracista dedicada, não apenas aos pequenos e pequenas atendidos por essa Rede de Ensino, como também suas famílias e comunidade. Esse trabalho vem sendo construído, diariamente, desde 2017 quando realizamos formação com os Orientadores Pedagógicos.
Nesta caminhada, estruturamos e concretizamos em 2021, coletivamente, nosso Currículo Municipal Antirracista para Educação Infantil Nilopolitana. Aproximadamente 30 mulheres negras e não negras, coordenadoras e orientadoras pedagógicas da Educação Infantil, em tempos de pandemia, reinventamos o modo de ser Educação Infantil, à medida que reinventávamos o nosso próprio modo de ser e estar no mundo.
Não foi fácil, não foi tranquilo, não foi rápido, mas conseguimos. Há, no novo currículo da Educação Infantil Nilopolitana, toda nossa resistência e aposta.
Equipe da Educação Infantil da rede municipal de ensino de Nilópolis – Ubuntu (Sou porque somos)