Professor Poty ensina crianças, jovens e adultos

Integrante da terceira geração de capoeiristas dá aulas na Casa da Luta Nilopolitana

Três gerações de uma mesma família dão continuidade à capoeira praticada por mestre Nenê, de um ramo independente do esporte. Eles são o pai mestre Poty, 72 anos, o filho Robert Poty_ o mestre Serpente, 50 anos, e o neto Pedro Poty, 23 anos, que está usando o sobrenome Poty. Pedro Poty é o professor dos alunos da Casa da Luta Nilopolitana, onde treina crianças, jovens e adultos. Ele ensina os fundamentos da capoeira e prepara os maiores de idade que estão inscritos nas aulas de MMA (Mixed Marcial Arts), as artes marciais mistas.

“Quem quiser, pode nos procurar e se inscrever para participar das aulas. As crianças em idade escolar devem trazer declaração escolar, atestado médico, duas fotos 3×4 e comprovante de residência”, afirmou o coordenador da instituição, Gessé Cintra. “ Tenho oito alunos que treinam para o MMA, às segundas e quartas-feiras, de 17h às 18h, esse é o nosso horário de adolescentes e adultos, e as crianças praticam a capoeira das 18h às 19h”, informou o professor Poty, que usa a corda azul, de graduado.
Crianças e jovens

“Estou gostando da capoeira. Eu conheci o esporte vendo eles treinarem no campo do Pury. Do meu telhado, eu via eles jogando. Aí eu comecei a procurar onde tinha capoeira porque eu queria praticar”, contou Giovani Augusto, 10 anos, aluno da rede privada e morador do bairro Novo Horizonte que está na turma infantil da modalidade.

Vitor Santiago, 17 anos, morador de Olinda, é aluno do terceiro ano do ensino médio e faz cursinho pré-vestibular. Amigos seus procuraram a Casa da Luta para fazer taekwondo e comentaram com ele. “Eu sou praticante graduado de jiu-jítsu e do judô. Acabei me interessando pela capoeira, Pedro é um ótimo professor. Ele está me ajudando, faz pouco tempo que comecei, mas estou me dando muito bem e vou competir agora no dia 19 de junho”, afirmou o adolescente.

Ele salientou as diferenças entre a capoeira e as outras artes marciais. “A capoeira tem muitos movimentos aéreos. É muito diferente das outras artes marciais. A base da esquiva, o jeito de gingar é mais solto. Geralmente, nas outras modalidades, é mais fixo”, comparou o rapaz, que está praticando há menos de um mês e já se apaixonou pelo esporte.

Pedro Poty

Pedro Poty é o campeão da Fundação Capoeira na categoria graduados. Disputou o campeonato dos Jogos Ecológicos em novembro, em memória a Zumbi dos Palmares, no Parque do Gericinó. Competiu com campeões de Miguel Pereira e Nova Iguaçu. Na capoeira, não há separação por peso, um de seus adversários, por exemplo, tinha 120 kg.

Participaram 60 atletas de vários lugares: outras cidades da Baixada, Angra dos Reis, Niterói, São Pedro da Aldeia, Angra dos Reis, Itaguaí e Cabo Frio, além das já citadas. Há quatro anos, desde que conquistou as cordas laranja e cinza, o professor Poty dá aulas. “Esse tempo todo eu venho estudando o esporte, para poder orientar melhor os alunos que querem aprender essa parte da capoeira voltada para o MMA”, explicou ele.

Referência na modalidade

O mestre Serpente ressaltou a importância de os jovens terem alguém em quem se inspirar. “O Pedro é uma referência para os jovens. Os alunos querem ser iguais a alguém, terem uma referência. Trabalhamos com eles os nossos valores, para que nossos campeões sejam espelho para os mais novos, senão fazer a capoeira é só para ter uma graduação”, comparou, lembrando que a preservação da natureza, do meio ambiente, também faz parte da missão deles.

Robert Poty lembrou que realizaram um aulão chamado ‘Gingando com a Natureza’, quando todos os capoeiristas tiveram que jogar com uma árvore, como se estivessem treinando sozinhos. Depois fecharam com a competição. A organização é da Fundação Capoeira, instituição que criou com a família e coordena atualmente.

Capoeira

Uma luta disfarçada em dança criada por escravizados. Essa é a definição para a capoeira. Mestre Pastinha chamou a parte da dança de capoeira angola e o mestre Bimba nominou a parte marcial de capoeira regional. Houve outros escravizados que praticavam a capoeira, em correntes diretas que não eram ligadas ao mestre Bimba e nem ao mestre Pastinha.


Segundo mestre Serpente, os primeiros professores eram negros tornados escravos pelos colonizadores. O primeiro de sua linhagem foi mestre Nenê, seguido por mestre Paizinho, mestre Artur Emídio, o Escorpião, que ensinou mestre Poty, que ensinou a ele. O atual instrutor é Pedro Poty.

“No passado, os escravizados eram amarrados com cordas. Nós fizemos uma reversão e usamos as cordas que eram usadas para os aprisionar como símbolo de vitória”, explicou Robert Poty, acrescentando que o iniciante usa a corda branca, passa por todas as graduações até chegar à preta, de mestre, e então sagra-se grão-mestre. Na Fundação Capoeira, apenas seu pai, mestre Poty, é tratado com esse título.

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