Mulheres trans enfrentam dificuldades na área da saúde e de emprego
Superintendência de Diversidade Sexual da Prefeitura de Nilópolis faz panfletagem para comemorar o Mês do Orgulho LGBTQIA+
Em celebração ao Mês do Orgulho LGBTQIA+, mulheres trans da cidade fizeram uma panfletagem na quinta-feira (26/6), a partir das 10h, no Calçadão da Mirandela, com o objetivo de chamar a atenção para a inclusão de pessoas trans no mercado de trabalho. O grupo tem debatido propostas que visam garantir uma representação ativa.
Conseguir emprego e acesso a serviços de saúde é uma luta diária vivida por mulheres trans que enfrentam dificuldades para ter seus direitos básicos. Em Nilópolis, a Secretaria de Cidadania e Direitos Humanos, por meio da Superintendência de Diversidade Sexual, está em busca de garantir políticas públicas voltadas para a comunidade LGBTQIA+.
O alto índice de desemprego e discriminação em serviços básicos não serão tolerados pelas representantes de Nilópolis. Além da superintendente de Diversidade Sexual, Barbara Sheldon, a Julia da Rocha, a Vitória Gabriella de Lima e Silva e a Rafaella dos Santos também fazem parte desta luta para definir as principais demandas da comunidade LGBTQIA+ de Nilópolis.
A dificuldade para conseguir um emprego é sentida na prática. A operadora de logística, Julia da Rocha, de 20 anos, vivenciou esse problema. “Às vezes tem empresas que falam que contratam todos os tipos de gêneros, mas chegando lá, não é selecionada. Eles julgam pelo porte físico e outras coisas.”
“As políticas públicas vão além da base que a gente precisa. A comunidade já é muito marginalizada. Nós também temos sonhos, precisamos de emprego para nos sustentar. O respeito muda tudo”, disse a pintora artística Vitória Gabriela, de 29 anos.
“Nós somos seres humanos também. Somos cidadãs, então por que tirar o nosso direito? Por que somente as pessoas cis podem ter acesso à saúde? Pessoas trans também pagam impostos. Saúde é para todos. Trans amam. Trans trabalham”, questionou a publicitária e DJ Rafaela Santos, de 27 anos.
Barbara Sheldon explicou que a Secretaria de Cidadania e Direitos Humanos tem buscado oferecer suporte por meio de serviços como retificação do nome civil, disponível na prefeitura desde 2022. Para apoio psicológico, orientações e outros atendimentos, os encaminhamentos são feitos ao Centro de Cidadania LGBT, equipamentos públicos do Estado do Rio de Janeiro.
“Nós precisamos de inclusão e de espaço para trabalhar. Muitos acham que por ser mulher trans é prostituta, cabeleireira ou manicure, mas elas podem fazer o que elas quiserem. Aqui é um município pequeno e ainda veem dessa forma.”
O secretário de Cidadania e Direitos Humanos, Renato da Van, também participou do encontro para definir as principais demandas da comunidade LGBTQIA+. “Estamos nos organizando para montar um conselho, realizar um fórum e fazer tudo acontecer por completo para a Superintendência de Diversidade Sexual. Estamos sendo um marco na Baixada Fluminense.”
Bárbara Sheldon vai representar Nilópolis na Plenária Nacional da População Negra LGBTQIA+, que será realizada no dia 23 de julho, em Brasília, como parte da V Conferência Nacional de Promoção da Igualdade Racial.